Mineiros moçambicanos querem a extradição de Manuel Chang para que a justiça seja feita nos EUA

Uma organização de mineiros moçambicanos na África do Sul defendeu ontem a extradição do ex-ministro moçambicano Manuel Chang para os Estados Unidos para que seja apurada a verdade no caso das "dívidas ocultas".
A organização Khulumani Support Group, que liderou ontem à entrada da sala do tribunal de Kempton Park, arredores de Joanesburgo, uma manifestação de mineiros, na sua maioria de Rustenburg, província do Noroeste, disse ser contra a "cabala financeira" de dois mil milhões de dólares alegadamente orquestrada por altos dirigentes do partido Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), no poder desde 1975.
"Nós esperamos que a justiça seja feita porque isto não é caso simplesmente de políticos, também afeta todo o cidadão moçambicano", afirmou Elpideo Mutemba, líder da ONG na África do Sul, em declarações à agência Lusa junto ao tribunal, após a a justiça sul-africana ter rejeitado o pedido de libertação sob caução do ex-ministro das Finanças moçambicano, acusado de fraude e corrupção nos Estados Unidos.
Mutemba aplaudiu a sentença anunciada pela juíza sul-africana, Sagra Subroyen, que classificou como "um exemplo para a SADC" (Comunidade de Desenvolvimento da África Austral).
"Queremos que Manuel Chang permaneça na cadeia e seja extraditado para os Estados Unidos porque sabemos que esse é o desejo e a vontade de todo o moçambicano", adiantou à agência de notícias Lusa.
"Sabemos que em casa, em Moçambique neste caso, não há garantia da justiça, não há garantia da verdade", salientou.
Mutemba disse esperar que além de Manuel Chang, "todos os que foram indicados lá [em Moçambique], independentemente se foi Presidente ou não, devem ser extraditados para os Estados Unidos".
De acordo com o responsável desta ONG, "os mineiros moçambicanos na África do Sul são a base da economia de Moçambique, contribuem muito para a economia do país".
Hoje, o Ministério Público sul-africano só autorizou a entrada na sala do tribunal a familiares, funcionários consulares moçambicanos e à imprensa, por questões de segurança.
"Conceder a liberdade não seria no interesse da justiça e da sociedade. O arguido permanece detido sob custódia pendente da sua extradição", disse a juíza no decorrer da leitura da sentença, que durou duas horas.
O mesmo tribunal está a analisar também o pedido de extradição para os Estados Unidos, estando a audiência marcada para 26 de Fevereiro.
Os EUA acusam Manuel Chang de conspiração para fraude electrónica, conspiração para fraude com valores mobiliários e lavagem de dinheiro, no âmbito do processo das dívidas ocultas de Moçambique.
O ex-ministro foi detido no dia 29 de Dezembro no Aeroporto Internacional O. R. Tambo, em Joanesburgo, a caminho do Dubai, com base num mandado de captura internacional emitido pelos Estados Unidos em 27 dezembro.

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